segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Mercado de celulose dispara com alta do dólar mas não muda preço da madeira

O preço praticado, na maioria das vezes, é o mesmo de 6 a 7 anos atrás

Fibria, Klabin e Suzano, as gigantes da celulose no Brasil estão absolutas também no mercado de ações. Os ganhos acumulados dessas empresas em 2015 foram 62%, 64% e 59%, respectivamente.
Fazenda com sistema silvipastoril em Mato Grosso do Sul próxima a fábrica de celulose: preços estagnados.
Fazenda com sistema silvipastoril em Mato Grosso do Sul
próxima a fábrica de celulose: preços estagnados
Na contramão, a Ibovespa registrou perdas de 9%. O principal motivo do desempenho? A alta do dólar. As exportações nunca renderam tanto para a indústria de base florestal voltado ao mercado externo.
Se não bastasse os resultados na bolsa, as empresas também tiveram um aumento expressivo em seus valores de mercado. Juntas, as companhias ganharam 28 bilhões de reais, de acordo com levantamento divulgado pelo portal Exame.com.
A Klabin, somando ao seu desempenho na bolsa, o projeto PUMA, de Ortigueira (PR), lidera o ganho. Passou de 13,91 bilhões em janeiro para 25,38 bilhões em dezembro. Um aumento de 11,46 bilhões.
O valor de mercado da Suzano teve um aumento de 7 bilhões de reais e a Fibria, 9,52 bilhões.
Investimentos
Com a alta na bolsa, as empresas seguem investindo. A Suzano anunciou, recentemente, investimentos no aumento de capacidade de produção de papel e celulose nas unidades de Imperatriz (MA) e Mucuri (BA). A Klabin deve inaugurar ainda este ano a sua nova fábrica, e é o maior investimento da história da Klabin, num total de 5,8 bilhões de reais.
A Fibria, por sua vez, segue a todo vapor com o projeto Horizonte 2, em Três Lagoas (MS), onde estão sendo investidos 8,7 bilhões de reais, considerado um dos maiores investimentos privados do país, com foco em exportação.
Madeira em baixa
Se o ganho das fábricas de celulose disparou com a alta do dólar o mesmo não aconteceu com a madeira, principal insumo dessas fábricas.
O preço da madeira não teve reajuste em nenhuma das regiões onde estão localizadas essas fábricas. Outros insumos, como a muda de eucalipto, também não acompanharam os ganhos de seus maiores clientes.
O preço praticado, na maioria das vezes, é o mesmo de 6 a 7 anos atrás. Há casos, bastante isolados, de mudanças e melhorias no mercado. O cenário geral, no entanto, é de completa estagnação.
Márcio Funchal, da Consufor: não há choque de preços em nenhuma região do Brasil.Márcio Funchal, da Consufor: não há choque de preços em nenhuma região do Brasil.
Em Mato Grosso do Sul, um dos estados com melhor preço, a remuneração do produtor não muda há 5 anos. Alguns proprietários de terra estão voltando para a pecuária por causa disso. "Estou retirando os tocos das minha fazenda. Não dá para continuar plantando eucalipto e esperar seis anos para ter ganhos irrisórios", ressaltou um produtor da região.
Quem está mais próximo da indústria consegue preços melhores: aproximadamente R$ 53 o metro cúbico da madeira em pé. Para quem está mais distante a expectativa é com a chegada de novos consumidores. Em outros estados também não há notícia de reajuste de preços de madeira para celulose.
"Não há choque de preços em nenhuma região do Brasil. Pelo excesso de oferta, há pressão de queda de preços de madeira fina", explicou Márcio Funchal, diretor da Consufor.
Mercado externo
No sul do país a madeira voltada à exportação também está vivendo bons momentos, assim como a celulose. De toras à madeira processada, o volume retomou níveis experimentados em 2007.

Pelo excesso de oferta, há pressão de queda de preços de madeira fina

— Márcio Funchal

Segundo Marco Tuoto, CEO da Tree Trading, em 2015, as exportações de madeira serrada de pinus atingiram 1,3 milhões de m³, volume 31% maior que o verificado no ano anterior. Já no caso do compensado de pinus, o volume exportado quase superou de 1,5 milhões de m3, ou seja, 14% a mais que em 2014.
Mas nem tudo são flores. Na prática, 2015 teve altos e baixos entre os diferentes segmentos de produtos de madeira processada mecanicamente, já que uma série de outros fatores afetaram a competitividade dos fabricantes: aumento de custos internos, excesso de produção mundial, queda do preço em dólar, redução do PIB chinês e diminuição do consumo por alguns produtos.
Mesmo assim, foi um ano “razoável” segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), José Carlos Januário.
De acordo com Márcio Funchal os volumes tem aumento mas os preços em dólar estão caindo. "O importador sabe que estamos com o câmbio desfavorável e também briga por desconto", concluiu.
Fonte: Painel Florestal

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