sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A sustentabilidade das florestas e o preço da madeira!

Apesar da elevação dos custos de produção, ainda estamos na dianteira

Nelson Barboza Leite tem mais de 40 anos de experiência com silvicultura
Nelson Barboza Leite tem mais de 40 anos de experiência com silvicultura
A silvicultura brasileira é campeoníssima de produtividade. Ninguém discute. E no Brasil se faz a silvicultura mais competitiva do mundo. Também, ninguém contesta! Apesar da elevação dos custos de produção, ainda estamos na dianteira.
Quem ganha com essas vantagens? E a resposta também é indiscutível. Todos ganham, mas os maiores beneficiados são as grandes indústrias consumidoras e, principalmente, as exportadoras. Mas os desdobramentos merecem reflexão:
  • No discurso dos grandes empresários, o destaque é para a sustentabilidade da silvicultura. Isso implica no uso de tecnologia do mais alto nível e contínuos investimentos sociais e ambientais. Esses investimentos, quase sempre, não são colocados na conta, mas se deixar para segundo plano os cuidados sociais e ambientais, em pouco tempo, qualquer empreendimento estará condenado e metido num sistema falido ou com inúmeros B.Os(!!!). Ser sustentável tem custo!
  • Existe uma boataria enorme a respeito de sobra de madeira aqui e ali! Há, de fato, sobra em alguns lugares – Vale do Paraíba, inúmeras regiões de Minas, nos estados do sul sobra a madeira fina de desbastes, mas há falta de madeira em outros locais – regiões da Bahia, do Maranhão, do Tocantins. Em muito locais, a necessidade ainda é pequena, mas em outros, a falta de madeira é significativa. É difícil até de explicar as razões que levam grandes consumidores, de repente, a se verem com falta do insumo básico. Aliás, essas histórias se repetem...
  • O que não dá para entender é que o preço da madeira se mantém baixo em todos os lugares: onde falta e onde sobra.
  • A certificação florestal ajudou muito os produtores florestais e o desenvolvimento da silvicultura. Mostrou tudo que é preciso ser feito para se ter uma floresta sustentável. Mas faltou avisar aos consumidores que, sem preço justo pela madeira, a tal de sustentabilidade da silvicultura vai para o brejo. E todos vão perder. Não dá para mudar as leis de mercado, mas cortar florestas com idade inadequada atrapalha bem as vendas.
  • E aí vem a dúvida cruel: Será que alguém duvida que o elo frágil da cadeia é o produtor? E se romper? Onde fica a tal sustentabilidade dos “discursos”? Ou vale o famoso ditado popular - “vá se queixar para o bispo”?
  • É importante que todos que usam e usufruem da silvicultura sustentável, fiquem atentos para que os elos frágeis não se rompam! A sustentabilidade só é sustentável (!) se, de fato, atender aos interesses de todos!
Nelson Barboza Leite – nbleite@uol.com.br
É diretor da Teca e Daplan – empresas de serviços florestais
Fonte: Painel Florestal


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