Apesar da elevação dos custos de produção, ainda estamos na dianteira
Nelson Barboza Leite tem mais de 40 anos de experiência com silvicultura |
A silvicultura brasileira é campeoníssima de produtividade. Ninguém discute. E no Brasil se faz a silvicultura mais competitiva do mundo. Também, ninguém contesta! Apesar da elevação dos custos de produção, ainda estamos na dianteira.
Quem ganha com essas vantagens? E a resposta também é indiscutível. Todos ganham, mas os maiores beneficiados são as grandes indústrias consumidoras e, principalmente, as exportadoras. Mas os desdobramentos merecem reflexão:
- No discurso dos grandes empresários, o destaque é para a sustentabilidade da silvicultura. Isso implica no uso de tecnologia do mais alto nível e contínuos investimentos sociais e ambientais. Esses investimentos, quase sempre, não são colocados na conta, mas se deixar para segundo plano os cuidados sociais e ambientais, em pouco tempo, qualquer empreendimento estará condenado e metido num sistema falido ou com inúmeros B.Os(!!!). Ser sustentável tem custo!
- Existe uma boataria enorme a respeito de sobra de madeira aqui e ali! Há, de fato, sobra em alguns lugares – Vale do Paraíba, inúmeras regiões de Minas, nos estados do sul sobra a madeira fina de desbastes, mas há falta de madeira em outros locais – regiões da Bahia, do Maranhão, do Tocantins. Em muito locais, a necessidade ainda é pequena, mas em outros, a falta de madeira é significativa. É difícil até de explicar as razões que levam grandes consumidores, de repente, a se verem com falta do insumo básico. Aliás, essas histórias se repetem...
- O que não dá para entender é que o preço da madeira se mantém baixo em todos os lugares: onde falta e onde sobra.
- A certificação florestal ajudou muito os produtores florestais e o desenvolvimento da silvicultura. Mostrou tudo que é preciso ser feito para se ter uma floresta sustentável. Mas faltou avisar aos consumidores que, sem preço justo pela madeira, a tal de sustentabilidade da silvicultura vai para o brejo. E todos vão perder. Não dá para mudar as leis de mercado, mas cortar florestas com idade inadequada atrapalha bem as vendas.
- E aí vem a dúvida cruel: Será que alguém duvida que o elo frágil da cadeia é o produtor? E se romper? Onde fica a tal sustentabilidade dos “discursos”? Ou vale o famoso ditado popular - “vá se queixar para o bispo”?
- É importante que todos que usam e usufruem da silvicultura sustentável, fiquem atentos para que os elos frágeis não se rompam! A sustentabilidade só é sustentável (!) se, de fato, atender aos interesses de todos!
Nelson Barboza Leite – nbleite@uol.com.br
É diretor da Teca e Daplan – empresas de serviços florestais
Fonte: Painel Florestal
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