sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Setor moveleiro resiste à crise

No maior polo moveiro de SC, empresas driblam a crise com exportação e produtos de qualidade.

Exportações subiram 10% de janeiro a julho deste ano (Foto: Agência RBS).
Exportações subiram 10% de janeiro a julho deste ano
 (Foto: Agência RBS).
O perfil exportador, aliado ao consumo mais concentrado nas classes A e B, coloca os fabricantes de móveis de madeira em condição mais favorável diante da crise econômica que afeta a maior parte das indústrias catarinenses.
Enquanto a indústria em geral no Estado registrou queda de 8% na receita no período de janeiro a junho deste ano, o faturamento no setor de móveis cresceu 2,4%.
Contudo, o melhor desempenho está nas vendas externas. Já considerando o mês de julho, a receita do maior exportador de móveis do Brasil cresceu 10%, alcançando US$ 105,8 milhões.
Em toneladas, o volume despachado para o exterior subiu 15%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Além do dólar em alta, que favorece os ganhos com exportação, o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul, José Franzoni, atribui os resultados à característica de fabricação com madeira maciça, que é destinada aos consumidores das classes A e B.
Visão compartilhada pelo empresário e vice-presidente regional da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Arnaldo Huebl. Segundo ele, quem atua no segmento de móveis populares sente mais o impacto da crise porque as camadas de baixa renda são as mais endividadas.
Ainda assim, o mercado interno apresenta desempenho pior do que o externo e já fez empresas darem férias coletivas e banco de horas, diz Huebl.
Rico em florestas nativas e de reflorestamento, o Planalto Norte concentra 60% da produção catarinense de móveis de madeira, o que o torna o principal polo moveleiro do Estado e o que mais exporta – o outro polo fica no Oeste.
São aproximadamente 350 empresas e 7,6 mil empregos diretos em estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte, localizados, especialmente, nos municípios de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre.
Seus produtos chegam aos grandes centros de consumo do País e figuram na lista dos dez mais exportados por Santa Catarina. Na última grande crise cambial, de 2008 e 2009, o setor sentiu o baque.
Muitas empresas fecharam na região e, até hoje, as exportações estão longe dos US$ 371 milhões registrados em 2008. Mas quem sobreviveu à crise ainda consegue oferecer ganhos reais de 7% no piso da categoria nos últimos três anos e se beneficia da aceitação de um produto de qualidade, dentro e fora do País.
Segundo semestre de incertezas
Diretor da indústria e lojas Weihermann desde a década de 1970, Arnaldo Huebl já viu a economia mudar de rumo várias vezes. Antes da crise de 2008, a Móveis Weihermann chegou a exportar 90% da produção.
Hoje, as vendas externas respondem por 40% da capacidade produtiva. A empresa teve que adequar a produção ao mercado nacional e vinha observando crescimento anual até 2015, quando estabilizou.
Apesar de o setor moveleiro sentir menos o impacto da crise econômica se comparado a outros importantes segmentos neste primeiro semestre, o empresário observa com preocupação o cenário para a segunda metade do ano.
Segundo ele, países da Europa, o segundo maior comprador depois dos Estados Unidos, entram em férias em agosto e isto deve impactar o resultado do mês. Além disso, ele afirma que o comportamento dos lojistas, aqueles que compram seus móveis, também mudou.
“Estamos prevendo um segundo semestre bem disputado. O lojista compra só o que gira, não faz estoque. A rentabilidade está caindo”, diz o empresário.
Indústria de médio porte, com 200 funcionários, a Weihermann corta de 60 a 70 metros cúbicos de madeira por dia, proveniente de reflorestamento de pínus e eucalipto. O plantio próprio garante autossuficiência para 50% da capacidade da fábrica.
A especialidade são os móveis de quarto e sala, que apresentam peças e cores personalizadas para atender a clientes exigentes. Grandes varejistas de São Paulo levam a maior parte dos produtos.
Fonte: A Notícia

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