terça-feira, 25 de agosto de 2015

Produtores florestais preocupados com processo anti-dumping nos EUA

Presidente da Acréscimo afirmou que não é um bom presságio para a Portucel, que tem grande importância no mercado português.

Portucel conhece em janeiro de 2016 decisão final das autoridades norte-americanas (Foto: Global Imagens).
Portucel conhece em janeiro de 2016 decisão final das autoridades
 norte-americanas (Foto: Global Imagens).
A Associação de Promoção ao Investimento Floresta (Acréscimo) manifestou-se preocupada que a alegada venda abaixo do custo pela Portucel nos Estados Unidos possa ter implicações na imagem do setor florestal no exterior.
Na semana passada, a Portucel anunciou que as autoridades norte-americanas tinham aplicado à empresa de pasta e papel portuguesa uma taxa sobre as vendas de 29,53% por alegada venda abaixo do custo, adiantando que iria contestar a medida provisória e que já se tinha constituído assistente do processo.
Em declarações, o presidente da direção da Acréscimo, Paulo Pimenta de Castro, afirmou que esta notícia "não é um bom presságio para uma empresa que tem o peso que tem" no mercado português.
A associação teme que este processo de 'dumping' nos Estados Unidos possa afetar a imagem do setor e ter implicações ao nível das exportações. "Toda a imagem negativa pode ter implicações na estratégia" das exportações, afirmou, nomeadamente "nos mercados transatlânticos".
Além disso, defendeu que, à semelhança do que foi feito com o setor da cortiça, a Autoridade da Concorrência deveria também fazer uma investigação sobre o eucalipto e o pinho. O objetivo desta investigação é saber "se os bens de base florestal estão a ser bem remunerados ou não", disse.
Em comunicado, a Acréscimo refere que "será expectável que o Estado português, através das autoridades competentes, investigue as práticas de mercado levadas a cabo pelo grupo Portucel Soporcel em Portugal", sublinhando que "será o desejável para a empresa, para o setor florestal e para o próprio Estado na sua obrigação de defesa dos superiores interesses nacionais".
O processo da Portucel nos Estados Unidos teve início a 21 de janeiro do ano passado, quando um grupo de produtores de papel e escritório norte-americanos e um conjunto de sindicatos do setor entregaram uma queixa tendente à investigação de alegadas práticas de 'dumping' nas importações de papel de diversos formatos provenientes de cinco países: Austrália, Brasil, China, Indonésia e Portugal.
Na altura, a produtora de papel portuguesa constituiu-se como parte interessada no início das investigações, e a 06 de março último, a International Trade Comissionan deliberou a continuação das investigações e o envio do processo para o Departamento de Comércio norte-americano, tendo a Portucel respondido aos questionários dessa segunda fase de investigação.
O Departamento de Comércio divulgou os resultados preliminares do processo, tendo determinado margens provisórias relativamente aos diversos exportadores em causa.
No que respeita à Portucel, a margem provisória aplicada foi de 29,53%, ou seja, uma espécie de taxa alfandegária que vai encarecer as vendas da empresa portuguesa nos Estados Unidos.
"Esta medida permanecerá em vigor durante quatro meses, altura em que será determinada a margem de 'dumping' final que substituirá a provisória e que fixará a respetiva taxa antidumping", adiantou na semana passada a produtora de pasta e papel portuguesa.
Fonte: Dinheiro Vivo

Nenhum comentário:

Postar um comentário