sexta-feira, 27 de março de 2015

MELHORAMENTO FLORESTAL

Melhoramento (Genético) Floresta




Flores de Eucalyptus: a esquerda, flores perfeitas (bissexuais), no centro, o estigma, e ao redor dezenas de estames; direita (acima): DNA; direita (abaixo): marcadores moleculares AFLP e segregação 1:1. Foto Eucalyptus: Rubens Marschalek


            A base desta importante área da engenharia florestal é, em primeiro lugar, a própria genética, que por sua vez teve início com o monge Gregor Mendel (1865) e posteriormente com os redescobridores das Leis de Mendel (1900). O melhoramento genético de espécies florestais é uma ciência nova, sendo que somente a partir de 1950 é que ela apresentou grandes avanços. As principais espécies inicialmente melhoradas foram o Pinus elliottii e Pinus taeda, nos EUA, e a Acacia mearnsii (acácia negra), na África do Sul.
                 No Brasil o melhoramento florestal desenvolveu-se a partir de 1967, embora os trabalhos tenham se iniciado muito antes desta data, com Edmundo Navarro de Andrade. ( “O Resgate Documental do Legado de Edmundo Navarro de Andrade" e “A Gênese da Silvicultura Moderna no Estado de São Paulo” ). A partir de então, o melhoramento genético florestal tem prestado grandes contribuições à silvicultura intensiva no país.
O melhoramento genético tem como base os conhecimentos da área de genética, tratando-se talvez do que poderíamos chamar de “genética aplicada”. Ela é de fato uma área do conhecimento que exige a integralização e uso de várias outras disciplinas e campos do conhecimento, como a botânica, taxonomia, genética, citologia, fitopatologia, entomologia, biologia molecular, fisiologia, estatística, entre outras.
                Esta ciência apresenta peculiaridades e aspectos próprios, sendo que isto advém do fato de que as espécies arbóreas são perenes e de ciclo muito longo. Também se deve à diversidade de sistemas reprodutivos associados às espécies florestais. O melhoramento florestal utiliza-se também de conceitos desenvolvidos e aplicados ao melhoramento animal e vegetal.
Além dos tradicionais métodos usados em melhoramento florestal, esta utiliza como ferramenta a biotecnologia, principalmente na área de biologia molecular, quando entram em ação os marcadores moleculares (biologia molecular), atualmente usados por exemplo também em genética humana, nos testes de paternidade e na medicina forense. Não menos importantes são os aspectos biotecnológicos da cultura de tecidos, permitindo a clonagem em larga escala, entre outras vantagens.

Recursos Genéticos e a “Erosão Genética”:

                Outro aspecto muito importante do qual trata o Melhoramento Florestal é a questão dos Recursos Genéticos e sua conservação ou preservação. No entanto, para entendermos o que são e o que representam os recursos genéticos, temos de ter em mente outro conceito, também muito popular, mas que muitas vezes não é tecnicamente bem compreendido: a Biodiversidade. A biodiversidade ou diversidade biológica refere-se a totalidade de genes, espécies e ecossistemas do mundo ou de uma região. A biodiversidade é resultante de processos evolutivos que ocorrem na terra. As estimativas apontam que podemos contar com em torno de 10 milhões de espécies de organismos vivos na terra, entretanto, até o momento, somente 1,4 milhão foram classificadas
Por recursos biológicos entende-se aqueles componentes da biodiversidade de uso atual ou potencial para a humanidade. Os recursos genéticos envolvem a variabilidade de espécies e plantas, animais e microrganismos integrantes da biodiversidade, de interesse socioeconômico atual ou potencial para utilização em programas de melhoramento genético (Nass, 2001). Quando se emprega o termo “recursos genéticos vegetais” reduz-se o universo da biodiversidade à flora. Neste caso, convém lembrar que estima-se que 300.000 espécies foram descritas até hoje, e que o Homo sapiens utilizou aproximadamente 3.000 em sua dieta, porém atualmente usa apenas 300, sendo que destas, apenas 15 respondem por 90% de toda a alimentação humana. Essa situação reflete uma considerável redução da diversidade genética de espécies, o que representa uma erosão genética ao longo do tempo. Também a erosão genética é notória mesmo dentro de uma mesma espécie, onde alelos genéticos (por exemplo, “A” ou “a”) são irremediavelmente perdidos devido à reduções nos tamanhos das populações de determinada espécie. Isto é, algumas características das plantas podem ser irremediavelmente perdidas em função da perda de variabilidade genética (perda de alelos em vários genes).

Fonte: Professor Rubens Marschelak






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